sexta-feira, 2 de maio de 2008

"Por uma vida um pouco menos ordinária." (por Fernanda Cury)

Acabei de ler na "Vejinha" que o espetáculo teatral "Por uma vida um pouco menos ordinária", de Daniela Pereira de Carvalho, está voltando para São Paulo, depois de uma temporada no Rio de Janeiro, conferida pessoamente por mim.
A peça vale não apenas pela atuação brilhante de Dú Moscovis, mas também porque nos faz refletir acerca das frustrações que fazem parte não apenas da vida dos personagens, mas também do nosso próprio cotidiano.
No enredo, temos três personagens... Um músico desiludido, que está cansado da mediocridade, irritado por tocar, repetidamente, as mesmas composições. Ele representa os jovens sonhadores que, cedo, optam por uma profissão, mas acabam se desiludindo. Como ele não consegue suportar suas frustrações, acaba mergulhando no mundo das drogas... Seu fornecedor? Um policial corrupto, que também é usuário de drogas.
Ambos se drogam e acabam, por acidente, matando um vizinho desconhecido com um tiro. Tentam encobrir o delito, haja vista que estavam sob o efeito de entorpecentes, mas encontram a resistência da irmã do músico, que tenta convencê-lo a se entregar a polícia.
A peça não é nada leve. Discute como cada um reage às adversidades da vida. Uns entram em depressão e se fazem de vítima. Outros tentar fugir da realidade, fazendo uso de substâncias entorpecentes. E há também aqueles que se corrompem. Fala sobre as escolhas que a vida nos obriga a tomar a todo o momento.
O cenário é composto pela casa do músico e pelo bar falido de sua irmã. A passagem do tempo é mostrada através de grandes baldes pendurados por cordas e com um pequeno orifício, por onde escorre areia sobre os atores.
Acho que o que mais me tocou na peça foi o fato de ela tratar de assuntos tão atuais como depressão, solidão, drogas, competitividade, relações de poder e corrupção. Mostra um mundo jovem meio perdido, insatisfeito, exatamente como é o nosso. A todo instante, cobram-nos sucesso, mas não é tão fácil, hoje em dia, tornar-se o grande "destaque". Temos que conviver com o fato de sermos apenas medianos (com raras exceções)...
De qualquer forma, embora a peça seja um pouco pessimista, vale à pena assisti-la e pensar um pouco sobre os valores nela discutidos. Quem tiver interesse, o espetáculo reestreiou hoje, no Espaço Parlatões, na Praça Franklin Roosevelt.

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