segunda-feira, 21 de abril de 2008

"Estômago" (por Fernanda Cury)

Se você ainda não assistiu ao filme brasileiro-italiano (trata-se de uma co-produção) "Estômago", assista. Trata-se de um roteiro que discute não apenas as relações de poder, em vários segmentos, como também dos relacionamentos afetivos.
O personagem principal é Raimundo Nonato, um sujeito simplório e ingênuo do nordeste, que vem tentar a vida na cidade grande (São Paulo). Como não tem outra opção, é obrigado a trabalhar para Zulmiro, dono de um bar decadente, que o explora a troco de cama e comida. De qualquer maneira, nesse boteco, o "paraíba" tem a oportunidade de aprender a cozinhar e conquista a prostituta gulosa Íria com as suas deliciosas coxinhas.
Mais tarde, o cozinheiro é descoberto por Giovani, dono de um restaurante próximo (Bocaccia), que descobre seus dons e o contrata, ensinando-lhe a arte da culinária e dos vinhos. Através da cozinha, Nonato ganha dignidade, passando a receber salário e a ter carteira assinada, quando decide pedir Íria em casamento.
Uma semana antes do noivado, Nonato descobre que a noiva tinha um caso com seu patrão. Depois de beber uma garrafa inteira de vinho, resolve matá-los, e, mostrando que aprendera bem as lições ministradas pelo chefe, frita e come um pedaço da bunda de sua ex (carne mais nobre).
Na vida nua e crua da cadeia, consegue cavar seu espaço, cozinhando para os companheiros de xadrez. Torna-se uma celebridade local e é intimado por Bujiu ("dono do pedaço") a preparar um banquete para um poderoso presidiário, o "Etc". Aproveita o ensejo para envenenar o "chefe" e tomar seu lugar.
Embora o roteiro não seja assim linear, alterando-se cenas em que o personagem está livre e solto, discute a relação de poder de uma maneira muito bem humorada. As cenas no presídio, embora um pouco nojentas e bem fortes, mostram as relações de poder, em que uns devoram e outros são devorados.
A linguagem dos personagens, recheada de "palavras de baixo calão" e erros de português, é muito divertida. O presídio é retratado de forma irônica, bem-humorada, mas real (corrupção, lei do mais forte, jogos de interesses). A culinária, tratada como verdadeira arte e como instrumento de poder, abre o apetite, embora, algumas vezes, faça-nos prometer que nunca comeremos nada nos botecos do centro da cidade. A atuação dos atores, todos eles ainda desconhecidos, é fantástica.
Por todos esses motivos, trata-se de um filme que vale ser visto, mostrando a trajetória da ingenuidade à malandragem, que foi aprendida com a dureza da via. Está em cartaz tanto no Shopping Frei Caneca, como no Espaço Unibanco.

domingo, 20 de abril de 2008

"A mandrágora" (por Fernanda Cury)

A peça "A Mandrágora", de Nicolau Maquiavel, encenada pelo Grupo Tapa e em cartaz no Teatro Nair Bello (Shopping Frei Caneca), agradou bastante pela atuação de seus atores e conseguiu arrancar boas risadas da platéia.
Trata-se da história do jovem florentino Calímaco que conhece uma linda jovem casada e deseja ardentemente possuí-la. Para isso, alia-se a seu serviçal, a um malandro, a um frei e à mãe da moça, e passando-se por médico, promete ao tolo e horrendo marido da amada que, se ela tomar uma poção de mandrágora (uma planta afrodisíaca) e se deitar com um outro homem, provavelmente, estará curada.
Evidentemente, para atingir seus objetivos, nosso personagem se vale de muita lábia, estratégia e argumentação, deixando claro que o texto, aparentemente bobinho, pretende explorar a arte do envolvimento.
Quem quiser um programa light, gostosinho, ou tiver como intento entender um pouco mais acerca da técnica da argumentação e do convencimento maquiavélicos, certamente, achará a peça bem interessante.

"Feira Erótica Decadente" (por Fernanda Cury)

A "Feira Erótica" é um evento internacional, que ocorre todos os anos e reúne expositores tanto de produtos de sex shops, como de arte erótica (vídeos, fotografia, pintura, escultura) e lingerie. Essa edição ocorreu justamente nesse chuvoso feriado de Tiradentes e contou com a minha participação e de alguns amigos.
Como nunca entrara em um sex shop, acreditei que ficaria surpresa com as novidades do setor. No entanto, saí de lá, achando a exposição, no mínimo, decadente... Fiquei decepcionadíssima com a falta de criatividade, originalidade e o pior, com "breguice" dos produtos.
As lingeries eram horríveis, ultra-vulgares e de muito mal-gosto, os óleos de massagem cheiravam a perfume barato, a calcinha comestível (podíamos experimentar) grudava no céu da boca e nos dentes, e nos deixaram morrendo de sede. Os bonecos infláveis, os instrumentos de masturbação e os vibradores davam medo, pois eram feitos de um material esquisito, grosseiro, que não nos permitia imaginá-los em utilização... As pétalas de rosas vermelhas, feitas de tecido duro (provavelmente para serem reutilizadas), arranhavam o corpo e, do sex e romântico, nos transportavam para o vulgar.
A freqüência (desculpem-me a sinceridade) também não era das melhores. Homens se divertiam, grotescamente, tirando fotos com a mão na bunda das modelos, e esperavam na fila da parte paga do evento que anunciava "acesso restrito a preconceituosos, hipócritas e ciumentos".
A única boa novidade foi conhecer de perto a barraquinha da Daspu, da cidade do Rio de Janeiro, e verificar que a marca, como nós, também trabalhou com os movimentos artísticos na sua última coleção.
A pobreza e falta de criatividade dos expositores deixou claro que existe um vasto campo para a atuação dos profissionais da área de designer, que podem trabalhar tanto na ambientação das barracas, como na criação de novos produtos, com mais beleza, criatividade e qualidade.

sábado, 19 de abril de 2008

"De volta ao passado" (por Fernanda Cury)


Minha paixão pelas feirinhas de antigüidades começou há quase dez anos, quando eu ainda lecionava Direito Penal, em Campinas. Estava decorando meu apê e "queria porque queria" uma penteadeira com banquetinha, estilo provençal, talvez para me transportar para um outro mundo, talvez para me transformar em uma outra personagem de mim mesma.


Depois de rodar a feirinha do Centro de Convivência de Campinas, sem nenhum sucesso, fiz amizade com um dos expositores que me aconselhou a vir para São Paulo. Disse que encontraria o que buscava ou nas lojas da Cardeal Arcoverde, ou na Benedito Calixto ou no Bixiga. Dito e feito, encontrei exatamente o que eu queria em uma lojinha do Bixiga, ao lado daquele escadão.


Desde então, cultivo o meu lado retrô, nostálgico, adquirindo um chapéu aqui, uma tuba ali, um candelabro acolá. Um dia, um guarda-chuvas, outro um casaquinho de veludo, uns óculos diferentes.


Toda visita, uma volta ao passado, que serve como inesgotável fonte de inspiração... Não é à toa que encontramos tantos designers e estilistas pelo caminho, com as antenas ligadas, à procura de elementos para suas criações.


Às vezes, um copo inspira um vestido, um casaco forra um sofá, um objeto tem seu uso subvertido... Associações inusitadas acontecem a toda hora, como se tudo naquele cenário multicultural conversasse... Quem ainda não conhece esses lugares, por favor, aventure-se. Só assim o que digo fará sentido...


Meus passeios por essas paisagens teve, sempre, diferentes finalidades. Serviu-me para decorar meu próprio apartamento, para decorar o apartamento do namorado, para buscar elementos para meu curso de teatro, para a criação de bolsas com uma amiga (momento em que meu lado designer de moda despertou), para compor meus looks, para estudar meu público alvo.


Ainda, de tanto freqüentar essas feirinhas, fiz algumas amizades bem bacanas, sentindo-me praticamente em casa, trocando idéias com algumas "figurinhas carimbadas", como o Cipó, um dos fundadores da feira do Bixiga, e o Marco Antônio, que trabalha na Benedito aos sábados com antigüidades, e no domingo no Bixiga, em sua banca de salgadinhos.


Essa diversidade cultural que encontramos nesses locais, esses personagens históricos que estão sempre abertos a um bom papo, as formas, cores, sons, sabores (que saudades do acarajé da Benedito Calixto) desses espaços acrescenta. Faz com que saiamos de lá com muito mais bagagem... Aproveitem!




quinta-feira, 17 de abril de 2008

Por Cecille Figueredo. Filme, Imagens do Além.

No Filme Imagens do Além conta a história de um casal recém- casado descobre assustadoras imagens de fantamas nas fotografias que começou a aparecer depois de um trágico acidente. Eles começam a investigar, e descobre que um passado do Ben esta voltando para uma vingança eterna, mas acabam aprendendo que alguns mistérios não devem ser decifrados. Para o fotógrafo Ben e sua esposa Jane, é apenas uma lucrativa sessão de fotos em Tóquio em meio a sua lua-de- mel. Com uma exótica oportunidade profissional e todas as infinitas possibilidades da nova situação de casados, Ben e Jane chegam ao Japão. Mas, na estrada que leva ao Monte Fuji, a nova vida do casal literalmente sofre um trauma profundo. O carro deles atropela uma mulher que estava no meio da estrada, e que aparentemente surgiu do nada. À medida que retomam a consciência depois do acidente, Ben e Jane não encontram sinal algum da menina que Jane acredita ter atropelado com o carro.Abalados com o acidente e com o desaparecimento da menina, eles chegam a Tóquio, onde Ben começa seu trabalho glamouroso. Já tendo trabalhado no Japão e fluente no idioma, Ben sente-se à vontade lá, e encontra com antigos amigos e colegas de trabalho. Jane, nova na cidade, sente-se como uma estranha em uma terra estrangeira ao fazer desastradas incursões pela cidade.Enquanto isso, Ben descobre misteriosas manchas brancas , formando assustadoras silhuetas humanas , que se materializaram nas imagens após um dia inteiro de trabalho em uma cara sessão de fotos. As preocupações de Jane começam a aumentar quando ela passa a acreditar que as manchas nas fotografias de Ben são da menina da estrada, que agora quer vingar-se do casal por a terem deixado morrer.

Tarsila do Amaral. Por Cecille Figueredo.

A exposição das obras de Tarsila do Amaral, foi exposta em São Paulo na Pinacoteca do Estado.
A mostra é composta por 36 pinturas e mais de uma centena de desenhos, alguns inéditos, revelando o processo de criação de uma das artistas mais criativas do modernismo brasileiro.
As peças foram inspiradas nas viagens que Tarsila do Amaral fez pelo Brasil e exterior e que exerceram uma forte influência sobre seu trabalho. Entre elas estão o "Abaporu", uma das pinturas mais famosas e conceituadas de Tarsila, Pont Neuf, Carnaval em Madureira, Cartão-postal, Antropofagia e A Negra.
"Tarsila Viajante" é a primeira exposição individual da artista na Pinacoteca, local onde trabalhou na catalogação de obras em 1929.

Yoko Ono. Por Cecille Figueredo.

Yoko Ono trouxe para São Paulo no CCBB uma exposição para comemorar os 50 anos de carreira.
Foram expostos 80 obras da longa carreira da artista japonesa, hoje com 73 anos, foram trazidas ao Brasil de Oslo, na Noruega, onde uma mostra inicial havia sido montada sob o nome de "Horizontal Memories". Esta é a primeira vez que a exposição sai de Oslo, mas agora esta completa. Foram expostos trabalhos produzidos no início da década de 1960, antes de Yoko conhecer Lennon, passando pelos radicais anos 1970 e chegando até a contemporaneidade em 2005, a artista recrutou colegas de diversas partes do mundo para, mediante suas instruções, construírem juntos uma reflexão sobre a água.

Bom Retiro. Por Cecille Figueredo.

O Bom Retiro é uma região que fica no lado Central de São Paulo, Próxima a estação da Luz.Uma das ruas mais conhecida é a José Paulino, pela sua variedade de roupas, bijuterias.
A região do Bom Retiro é mesclado com pequenas indústrias de confeção e tecelagens. Lá se encontra venda de tecidos, bijuterias, matériais para costura, etc.
Algo que me chamou atenção nas lojas de tecidos foi a forma deles colocarem os tecidos, que possibilidade uma praticidade maior para o cliente olhar, tocar e escolher os tecidos.

terça-feira, 15 de abril de 2008

"Ars Brevis" (por Fernanda Cury)


A exposição Ars Brevis , de Paulo Bruscky, que ficará em "cartaz" até o dia 28 de abril de 2008 no MAC, sob a curadoria de Cristina Freire, é, entre outras coisas, uma grande oportunidade para que as pessoas possam mergulhar no interessante universo da Arte Conceitual, que objetiva que a idéia, a atitude mental, a reflexão, prevaleçam sobre a aparência da obra.

Difícil definir esse artista idealista, "plugado" no mundo ao seu redor de uma forma pensante, irreverente e crítica. Segundo a curadora, Paulo Bruscky seria uma mistura de "multimídia, inventor, educador, poeta, fotógrafo, arquivista, editor, curador, enfim, em duas palavras, um artista contemporâneo." (http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2007/jusp816/papg1011.htm, acessado em 08/04/2008).

Sua obra bem-humorada, irônica e inteligente, além de arrancar boas risadas do público, que se surpreende com suas associações aparentemente ilógicas e suas técnicas inusitadas, ainda serve como fonte de inspiração, alimentando nossa imaginação e nos instigando a trilhar novos caminhos, a experimentar novas técnicas e a ousar, como tantas vezes sugeriu o professor Mário Queiroz.

Desta vez, serei brevis e não adiantarei as surpresas que Paulo Bruscky revervou para seus interlocutores nessa exposição. Mas garanto que a visita vale muitíssimo a pena, pois abre a nossa mente, os nossos olhos e a nossa imaginação para um novo mundo.

"Chega de Saudade" (por Fernanda Cury)


O filme Chega de Saudade de Laís Bodanzky nos leva a passar uma noite entre as "figurinhas carimbadas" de um salão de dança de São Paulo, embalados pela trilha sonora nostálgica de Elza Soares e Markus Ribas.

A forma como Walter Carvalho conduz a câmera, deslizando pelo salão, faz com que transitemos de uma cena a outra, como se tivéssemos participando do baile, de forma anônima.

Focaliza o show de pés, pernas e quadris em movimento (com a câmera colocada provavelmente na altura da cintura). Depois passa para copos, garrafas, figurinos e outros objetos. Mais tarde, mostra uma vista aérea do salão iluminado como uma discoteca. E o mais importante: apresenta seus personagens em big close, sob uma luz que revela sua rugas e nos permite captar os sentimentos estampados em suas admiráveis expressões faciais.

A aproximação da câmera, sem dúvida, cria intimidade, fazendo com que o personagem se desnude, como se mergulhássemos nos poros do artista, invadindo sua alma, descortinando suas emoções.

Embora alguns personagens possam nos agradar mais, outros menos, não podemos estabelecer uma ordem de importância entre eles, ficando claro que Laís quis "amarrar", através da dança e da música, vários universos distintos, mas que cabiam em um lugar comum: o salão.

Sob as luzes "piscantes" do salão de dança, desfilam sonhos, ilusões, frustrações, alegrias, tristezas, desejos, ciúmes, nostalgia e algumas recordações gastas (flash backs), quase em preto e branco.

Embora possa agradar mais ao público da terceira idade (já que olhos preconceituosos tenderão a pensar tratar-se de um filme sobre as "estrelas globais decadentes"), retrata relacionamentos e situações que poderiam muito bem ser transportados para o universo do jovem que, como todo o ser humano, carrega dentro de si uma coleção de sentimentos e emoções, como nossos personagens.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

"Relação entre negócio e moda" (por Fernanda Cury)

Muito interessante a palestra de Carol Garcia, "Relação entre Moda e Negócios", ministrada na Anhembi Morumbi, em 27 de fevereiro de 2008.
A palestrante discorreu acerca do projeto desenvolvido por sua equipe junto à empresa Fiat, com vistas a utilizar a moda, o design e o marketing como forma de melhorar a imagem da marca, estigmatizada como "popular".
Como toda boa designer, seu primeiro passo foi tentar compreender, exatamente, qual era a necessidade da cliente. Só então, através de trabalhosa pesquisa, identificou os modelos que poderiam servir como inspiração para a remodelagem da empresa.
Dedicou-se a conhecer empresas e lojas de Londres, Paris e Tókio, analisando como outras marcas como, por exemplo, a Renault, a Peugeot, a Toyota e a própria Ferrari, conseguiram fortalecer seus nomes no mercado automobilístico, não apenas com a venda de veículos, mas também com a criação de acessórios, brindes, bonecas e outros objetos de design.
Apoiada nessas observações, não só dos produtos criados, mas também do público alvo que pretendia atingir, montou um projeto que foi entregue à Fiat, indicando produtos que poderiam agregar valor à marca, passando-se a uma nova fase, de implementação, onde foram contratados designers e pessoal de marketing para dar início à planejada reestruturação.
A proposta de Carol, entre outras, foi a criação de brindes ("souvenirs") que, de fato, interessassem e divertissem o consumidor. Deu como exemplo o incenso anti-peido, Kits de maquiagem, o "spaghetti" em formato de carrinhos, em substituição às horrendas camisetas pólo, típicas da Fiat.
Quem foi ao SP Fashion Week deparou-se com um carro da marca todo grafitado por um artista plástico. Também, pôde conferir pessoalmente as camisetas criadas por vários estilistas, e que fizeram incrível sucesso.
O projeto apresentado por Carol Garcia, sem dúvida alguma, conseguiu deixar ainda mais clara a constante interação entre a moda, os negócios, o design, o marketing e as demais searas do conhecimento.

"A importância do público alvo" (por Fernanda Cury)

Embora nosso foco, no design de moda, seja a criação e não a gestão, estudada com maior ênfase no curso de negócios, é evidente a correlação existente entre ambos os cursos, e a preocupação constante com a figura do público alvo.
Com o intuito de complementar meus estudos, em 26 de fevereiro de 2008, assisti à palestra "Gestão de Atacado de Moda", no Senac Faustolo, ministrada por Marcelo Feldman, um dos donos da marca infantil Petistil.
Marcelo iniciou a palestra, esclarecendo que, de fato, não existe uma "receitinha pronta", uma "fórmula mágica" para que possamos nos dar bem e nos destacar no amplo mercado do vestuário.
Deixou claro que os negócios estão sempre sujeitos a inúmeros fatores, sejam eles, econômicos, políticos, sociais, culturais, dentre outros, e que, embora não possamos controlá-los, há posturas que podem colaborar para o nosso crescimento.
Uma das dicas dadas pelo palestrante é que devemos estar sempre atentos não só aos hábitos dos consumidores (cada vez mais exigentes e bem informados), mas também à concorrência (direta ou indireta).
Mas como driblá-la? Segundo Marcelo, além de conhecermos nosso público, devemos identificar nossos pontos fortes e fracos, ligando-nos nas tendências (não apenas de moda), inovando, criando produtos diferenciados e, ainda, aprendendo a vender a nossa imagem no mercado.
Infelizmente, não podemos, aqui, reproduzir tudo aquilo que nos foi comunicado na palestra. No entanto, mais uma vez, ficou evidenciado que não podemos nunca dissociar a nossa criação do público alvo, visando sempre a resolver seus problemas, a suprir suas necessidades e a realizar os seus mais íntimos desejos.
Portanto, mergulhem fundo no público alvo. Afinal, ele não é apenas a razão de existir do seu produto, mas também é o responsável pelo sucesso ou pelo fracasso de sua expressão no mundo da moda.

terça-feira, 1 de abril de 2008

"Guerra das estrelas" (por Fernanda Cury)

Não tenho dúvidas de que todos aqueles que leram minhas postagens anteriores já estão pensando: "Ah! Não! Lá vem ela, de novo, com sua irritante emoção à flor da pele... O que ela dirá desta vez? Que viajou rumo às estrelas vendo a nova exposição? Ou que voltou no tempo vendo os filmes de sua adolescência?"
Pois desta vez ficarão surpresos, pois a sinceridade não me permite afirmar que achei o máximo a exposição "Guerras nas Estrelas". Ao contrário, fiquei, sim, muito incomodada com os "marmanjões" deslumbrados que tentavam realizar seus sonhos através de seus próprios "mancebos", dedicando-se a intermináveis sessões de fotos ao lado das "estrelas" do filme.
Confesso que nunca fui muito fã de "guerras", "estrelas", "monstros", "jedais". Só assistia aos filmes porque, no interior, a gente não tinha mesmo muita opção. Devo dizer que eu até que tentei me inteirar melhor de todos os episódios. Mas a forma esquisita como as narrativas foram dispostas (entrávamos em uma sala comprida e tínhamos que ir até o final do corredor para podermos iniciar a leitura) não me entusiasmou.
Quanta insatisfação, não? Estarei sendo muito radical? Está bem... Algumas coisas até chegaram a prender minha atenção... De que será que mais gostei? Os figurinos, claro! Com os seus respectivos croquis... Alguns reproduzidos minuciosamente, outros, com pequenas alterações... Também, achei interessante a música do filme, na entrada, os bonecos dos personagens, suas armas e naves espaciais....
De qualquer forma, fiquei com pena foi do meu namorado, que teve de levantar cedo no domingo para me acompanhar a uma exposição que, como ele mesmo disse , "não chega aos pés das da Disney". E eu ainda tive a coragem de dizer para ele que "nós não podíamos ser assim tão esnobes". Que tolice, não? Se nem eu mesma gostei...
Melhor mesmo é admitir que a exposição simplesmente não nos agradou e que a verba gasta poderia ser empregada de forma mais proveitosa... Apenas isso...

"Viajando com Tarsila" (por Fernanda Cury)


A exposição "Tarsila Viajante", da artista brasileira Tarsila do Amaral, merece ser vista repetidas vezes, pois amealhou não apenas as obras mais significativas de nossa modernista, mas também suas fotos, cartas, esboços, caderninhos de anotações, que nos permitem conhecer tanto a sua trajetória de vida, quanto o seu processo de criação.

Embora Tarsila não tenha participado da Semana de Arte Moderna de 1917, no Teatro Municipal de São Paulo, foi apresentada pela amiga Anita Malfati aos organizadores do evento, tornando-se companheira inseparável de Oswald e Mário de Andrade, e ingressando em uma viagem sem volta rumo ao modernismo brasileiro.

A artista registrou não apenas o Brasil interiorano, com suas cores "caipiras" (rosa e azul), mas também a sua São Paulo cosmopolita, com suas ruas viadutos, trilhos, chaminés, em tempos de industrialização. Também, não registrou apenas a classe a que pertencia (aristocracia cafeeira), apresentando a realidade brasileira (operários, viajantes famintos na estação) abafada por tanto tempo pela arte acadêmica.

Na fase pau-brasil, encontra a identidade nacional, pintando suas viagens pelo país e realçando o elemento primitivo (índios, negros), misturado a todas as demais culturas que compõem a identidade nacional.

Uma das telas mais interessantes dessa fase é "A Negra"(1923), em que Tarsila pinta uma figura avantajada, com formas arredondadas e um peito caído, em alusão às negras que trabalhavam na fazenda de seus pais, no interior paulista, e que serviam de amas de leite. Fiquei muito emocionada ao ver a foto de uma delas junto aos demais objetos pessoais da artista, ficando clara a inspiração de sua infância.

É muito interessante verificar que Tarsila, como toda boa artista, levava consigo o seu famoso "caderninho de anotações", onde fazia anotações da viagem, desenhos, pequenos esboços que viraram grandes obras de arte.

Em 1928, com sua tela "Abaporu" (homem que come a carne humana), surge um novo movimento modernista: o antropofagismo, que ideologicamente seria aproveitar apenas as boas influências de fora (repelindo o que era imprestável), acrescentando-a à riqueza nacional.

Segundo a própria pintora, essa obra também foi inspirada em suas recordações de infância na fazenda em Capivari. Para que as crianças fossem cedo para cama, as negras contavam histórias assustadoras sobre aqueles que desobedeciam o horário de dormir. Por isso a figura monstruosa, de pés enormes enraizados no Brasil.

No ano seguinte, seguindo sua trajetória de buscar a identidade brasileira, Tarsila resolveu pintar outra tela, denominada "Antropofagia", que era uma mistura das duas telas anteriores ("Abaporu" e "A Negra").

A grande surpresa da exposição, no entanto, foi poder observar, ao vivo e em cores, essas três obras-primas do modernismo brasileiro bem diante dos nossos olhos... Foi quando não consegui conter a emoção de estar diante de tudo aquilo que estudara no primeiro semestre da faculdade e as lágrimas desabaram...

Há algo melhor no mundo do que se emocionar? Então, visitem a exposição e permitam que as cores e formas de Tarsila invadam os seus olhos, a sua mente, o seu imaginário e o seu coração...

"Contaminação"



"Contaminação" (por Fernanda Cury)

A exposição "Contaminação" da portuguesa Joana Vasconcelos, como o próprio nome nos alerta, contagia a todos, com suas cores intensas, suas formas orgânicas e seus volumes descomunais, que se esparramam pelo pátio da Pinacoteca, sobem pelas paredes como trepadeiras, invadindo também parte do piso superior.
Sua obra lembra uma gigantesca escultura, coberta por uma elaborada colcha de retalhos (colhidos nos quatro cantos do mundo). Combina tanto materiais produzidos em larga escala, como tecidos, forrações, enchimentos, como trabalhos artesanais feitos em tricot e crochê.
Impossível ficar indiferente a um trabalho tão delicado, mas, ao mesmo tempo, tão grandioso. Composição multicultural, realizada com o trabalho de "formiguinha" de tantas mulheres: bordadeiras, tricoteiras, crocheteiras, costureiras... Todas elas expressando um pouquinho da sua vida, da sua arte, da sua cultura e da sua própria existência, neste projeto.
Vale a pena visitar a Pinacoteca para perder-se nessas curvas de tecidos, tramas, fuxicos, que nos levam a viajar por paisagens nunca antes imaginadas, mostrando que o ser humano é sempre uma fonte inesgotável de novos repertórios.