segunda-feira, 23 de junho de 2008

"Mário Queiroz sob os efeitos da Arte Cinética de Soto" (por Novos Boêmios)


Não é de hoje que a Moda vem estabelecendo um diálogo íntimo com as Artes Plásticas, que sempre lhes serviram como repertório e fonte de inspiração. Trata-se de uma tendência cada vez mais forte, não apenas no cenário internacional, mas também nos palcos brasileiros.
Isso ficou bastante claro na apresentação da coleção de verão 2009 do estilista Mário Queiroz que, no último dia 22, traduziu em tecidos, linhas, cores, formas, volumes, estampas, texturas, a Arte Cinética do pai da Optical Art, o artista Jesus Rafael Soto.
A sensibilidade do estilista permitiu que ele captasse que o trabalho de Soto vai muito além das telas, transformando-se em verdadeiras instalações, que “brincam” com a perspectiva e possibilitam olhares ímpares, únicos, individuais, e que, por esse motivo, guardam estreita ligação com o conceito de exclusividade da própria marca.
Mário deixou o figurativo de lado e aceitou o desafio de trazer para a Moda os conceitos das obras desse artista venezuelano, criando looks “arrebatadores”, que “transpiram” cinergia, movimento, seja através dos tecidos utilizados (como a organza e o crepe de malha), das transposições, dos detalhes, dos bordados (sofisticados e sensuais), seja por meio das maxi-estampas, que diferenciam uma peça da outra e atendem ao desejo deste homem contemporâneo (que é seu público alvo) de possuir uma vestimenta exclusiva.
O resultado, que “roubou” aplausos do público no último SPFW, revela que não há mais espaço para designers desconectados do mundo, mostrando que um “estilista-top”, além de conhecimentos técnicos e muita dedicação, deve manter-se sempre informado, renovando, sem cessar, seu vasto repertório.

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