domingo, 8 de junho de 2008

"Um pouquinho de Toulouse-Lautrec" (por Fernanda Cury)

Neste semestre, fomos conduzidos a uma "viagem" ao bairro boêmio de Montmartre, a convite do pintor pós-impressionista Toulouse-Lautrec, que retratou não apenas os cabarés, bares, prostíbulos e cafés, mas nos mostrou também como vivia a sociedade parisiense da Belle Époque.
O artista se mostrou "revolucionário" não apenas na temática a que se dedicou, mas também em razão da técnica empregada, fundada sempre na experimentação, herança da convivência estreita que teve com Van Gogh (e suas gravuras japonesas) no ateliê de Cormon.
Nas obras de Lautrec, percebemos que ele não pinta apenas uma infinidade de corpos em movimento em sua dimensão física, mas também anímica, mergulhando no íntimo de seus modelos, sem qualquer preconceito. Ao contrário, mostra os sonhos, desejos, frustrações, inquietações que transitam pela alma dos personagens de Montmartre, que representam a dinâmica da sociedade de seu tempo.
Em sua obra "No Moulin Rouge: Início da Quadrilha" fica claro esse mergulho do artista na alma de suas modelos. Vemos uma dançarina pronta para iniciar o cancan, mas que se impacienta à espera de que dois senhores se acomodem. É visível a cara de "saco cheio" da vedete. E podemos, ao mesmo tempo, através da pintura, saber exatamente qual será o passo que ela dará, como se Toulouse, de alguma forma, estivesse retratando uma cena do cinema, que viria a seguir.
Ainda, mostrou-se um ótimo designer gráfico e um grande publicitário. Afinal, através de muita experimentação, revolucionou a técnica da litografia e conseguiu imortalizar, através de seus desenhos quase caricatos, artistas como Aristide Bruant, Yvette Guilbert, La Goulue e Jane Avril.
Através de sua vasta produção artística e de sua imersão na vida instigante de Montmartre, Lautrec apontou para a necessidade de os criadores se desvencilharem de seus preconceitos, ampliando o seu olhar, transitando entre todo o tipo de gente, percorrendo todos os espaços, experimentando novas sensações, numa busca incansável e inesgotável por repertório e inspiração.
O estudo da vida e obra de Toulouse-Lautrec serviu para nos mostrar a importância de pessoas como ele que, com sua paixão pela diversidade humana, sua preocupação com as pessoas e sua sede de experimentação, contribuiu para a modificação das concepções de arte, corpo e moda, na virada do século XIX para XX.
Espero que essas linhas consigam inspirá-los e que busquem outras informações acerca desse artista que tinha tudo o que necessita um grande designer: ousadia, criatividade, vontade, inteligência, sede de experimentação.

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