terça-feira, 23 de setembro de 2008

"A hospitaleira Creta", por Fernanda Cury

Quer um lugar para ser tratado como um rei? Pois então vá à Creta, a ilha conhecida pela lenda do Minotauro. Mas vá com tempo, pois ela é muito extensa e, mesmo alugando um carro, você vai levar ao menos cinco dias para conseguir ver alguma coisa.
Digo isso por experiência própria, pois como tínhamos pouco tempo (apenas dois dias e meio), tivemos de fazer escolhas entre praias, cidades históricas, serras, desfiladeiros e a própria capital (Irákleio), onde ficamos hospedados.

De qualquer forma, não deixe de conhecer a cidade de Réthymno, que ainda é a capital intelectual de Creta, e delicie-se andando pelas ruelas do bairro antigo, que ainda guarda exemplos tanto da arquitetura veneziana e otomana. Encha os olhos (e a boca, de água), com as inúmeras parreiras espalhadas pelo caminho.

Visite a fortaleza veneziana que servia para proteger a cidade dos ataques dos piratas, inclusive do famoso e temido Barba Roxa, e dos turcos. Suas muralhas estão quase intactas e guardam as ruínas de uma igreja, uma mesquita, as dependências do governador. E se tiver sorte, pode ser agraciado com um concerto ao ar livre, em um pequeno teatro.

Quando bater aquela fome, experimente o menú especial da dona Cecília Prada, uma boliviana que se mudou para a ilha com a família, montou um restaurante grego, mas morre de saudades da América Latina. Ela contará toda a saga da família, falará mal da atual educação grega, contará da tradição familiar de tomar vinhos todos os dias, servirá o destilado oúzo e depois lhe presenteará com uvas de sua própria parreira. Vale à pena reservar algumas horas apenas para jogar conversa fora e fazer essa troca cultural.
Depois, vá tomar um sorvete, ou um café em algum dos barzinhos ao longo do porto de Réthymo, ou de frente para o mar, e aproveite para observar pessoas de todos os cantos do mundo, aproveitando as férias de verão. Perceba a atmosfera mágica do local... Persiga a noiva pelas ruas, para assistir a um casamento grego e páre ao escutar uma música diferente, vinda de um instrumento parecido com o violino... São momentos preciosos e únicos para apreciar a cultura local.
Voltando à capital, visite o museu arqueológico de Irákleio, com sua coleção de artefatos minóicos, que permitem que conheçamos um pouco da civilização que viveu em Creta há mais de 3000 anos. Aprecie os vasos trabalhados, os afrescos (que na verdade eram de Cnossos), as jóias, os machados e esculturas lá guardadas.
Também guarde um tempo para conhecer o Palácio de Cnossos, que era o maior e mais sofisticado de toda a ilha de Creta e que escondia um labirinto subterrâneo, onde estaria aprisionado o Minotauro (meio touro-meio homem, gerado pela mulher do rei Minos e morto por Teseu), e que dá uma idéia de como era a vida de Creta no período minóico.
E não se esqueça de reservar um tempo maior para essa ilha. Assim você me conta sobre as outras maravilhas que perdi.






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