sábado, 19 de abril de 2008

"De volta ao passado" (por Fernanda Cury)


Minha paixão pelas feirinhas de antigüidades começou há quase dez anos, quando eu ainda lecionava Direito Penal, em Campinas. Estava decorando meu apê e "queria porque queria" uma penteadeira com banquetinha, estilo provençal, talvez para me transportar para um outro mundo, talvez para me transformar em uma outra personagem de mim mesma.


Depois de rodar a feirinha do Centro de Convivência de Campinas, sem nenhum sucesso, fiz amizade com um dos expositores que me aconselhou a vir para São Paulo. Disse que encontraria o que buscava ou nas lojas da Cardeal Arcoverde, ou na Benedito Calixto ou no Bixiga. Dito e feito, encontrei exatamente o que eu queria em uma lojinha do Bixiga, ao lado daquele escadão.


Desde então, cultivo o meu lado retrô, nostálgico, adquirindo um chapéu aqui, uma tuba ali, um candelabro acolá. Um dia, um guarda-chuvas, outro um casaquinho de veludo, uns óculos diferentes.


Toda visita, uma volta ao passado, que serve como inesgotável fonte de inspiração... Não é à toa que encontramos tantos designers e estilistas pelo caminho, com as antenas ligadas, à procura de elementos para suas criações.


Às vezes, um copo inspira um vestido, um casaco forra um sofá, um objeto tem seu uso subvertido... Associações inusitadas acontecem a toda hora, como se tudo naquele cenário multicultural conversasse... Quem ainda não conhece esses lugares, por favor, aventure-se. Só assim o que digo fará sentido...


Meus passeios por essas paisagens teve, sempre, diferentes finalidades. Serviu-me para decorar meu próprio apartamento, para decorar o apartamento do namorado, para buscar elementos para meu curso de teatro, para a criação de bolsas com uma amiga (momento em que meu lado designer de moda despertou), para compor meus looks, para estudar meu público alvo.


Ainda, de tanto freqüentar essas feirinhas, fiz algumas amizades bem bacanas, sentindo-me praticamente em casa, trocando idéias com algumas "figurinhas carimbadas", como o Cipó, um dos fundadores da feira do Bixiga, e o Marco Antônio, que trabalha na Benedito aos sábados com antigüidades, e no domingo no Bixiga, em sua banca de salgadinhos.


Essa diversidade cultural que encontramos nesses locais, esses personagens históricos que estão sempre abertos a um bom papo, as formas, cores, sons, sabores (que saudades do acarajé da Benedito Calixto) desses espaços acrescenta. Faz com que saiamos de lá com muito mais bagagem... Aproveitem!




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